segunda-feira, 15 de junho de 2009

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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Calor contra o aquecimento global

Quem mora nas capitais brasileiras de São Paulo para cima sabe ou pelo menos imagina a sensação de vestir terno e gravata no verão. Não por acaso, escritórios paulistas, cariocas, pernambucanos, cearenses e etc costumam passar o verão com o ar no máximo.
No Japão é a mesma coisa. Ou melhor: era, porque o ministério do Meio Ambiente japonês criou a campanha Cool Biz - "um estilo de negócios para se sentir refrescado e à vontade, ao trabalhar em escritórios com ar-condicionado regulado para 28º C no verão".
A ideia é simples - menos roupa e tecidos mais leves para trabalhar em um ambiente 2º C mais quente - mas funciona: segundo os dados mais recentes, apenas no verão de 2007, foram poupadas emissões de CO2 equivalentes a 3 milhões de casas durante um ano.
Naquele ano, nada menos que 48% das empresas japonesas adotaram a campanha, iniciada em 2005, como parte do compromisso de redução de emissões previsto no Protocolo de Kyoto.
Neste ano, segundo informações do ministério do Meio Ambiente, cerca de 60% das empresas compraram a ideia, o que representa uma redução de 1,7 bilhões de toneladas de CO2, ou seja, quase 4 milhões de casas em um ano.
Será que nós, nesse imenso país tropical, onde os ar-condicionados passam a maior parte do ano ligados, poderíamos adotar a ideia japonesa?


Mata Atlântica perdeu 102 mil hectares desde 2005

Uma área com dois terços o tamanho da cidade de São Paulo foi desmatada nos últimos três anos no Brasil, sendo que Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia foram os estados que mais destruíram o bioma.O Desmatamento continua na Mata Atlântica e é cada vez mais urgente a atuação efetiva do poder público

Por Autor: Fabiano Ávila, do Carbono Brasil

O levantamento “
Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata”, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi divulgado nesta terça-feira (26) e mostra que foram desmatados ao menos 102.938 hectares de cobertura da Mata Atlântica nativa no período 2005 -2008. A média anual foi de 34.121 hectares de desflorestamento/ano, bem próximo da média anual identificada no período de 2000-2005, que foi de 34.965 hectares.“Os dados avaliados no período de 2005-2008 mostram que o desmatamento continua na Mata Atlântica e é cada vez mais urgente a atuação efetiva do poder público”, alerta a diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota. Segundo a Secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, o desmatamento é causado em muito porque a aplicação da Lei da Mata Atlântica, sancionada em 2006, mas regulamentada somente no fim de 2008, ainda não foi garantida. Ela aposta nesta nova lei, no monitoramento do que restou do bioma – 11,4% e em ações de vigilância e fiscalização para reverter o ritmo da derrubada nos próximos anos. “A gente crê que com o decreto de 2008, com ações de divulgação e com cartilhas explicativas haja maior compreensão dos gestores locais e também da sociedade que vive nos remanescentes de Mata Atlântica”, afirmou.A secretária adiantou que ainda esta semana o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade irão realizar ações de fiscalização em áreas de Mata Atlântica na região Sul do país.
Os Grandes Perdedores
Os estados que mais desmataram foram Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia, que perderam, nos últimos três anos, 32.728 ha, 25.953 ha e 24.148 ha, respectivamente. Minas Gerais possuía, originalmente, 27.235.854 ha de Mata Atlântica, que cobriam 46% de seu território; pelo levantamento, restam apenas 9,68%. Já em Santa Catarina, que está 100% inserido no bioma, restam agora 23,29% de floresta, e a Bahia, com 33% do território na Mata Atlântica, ou 18.875.099 ha, tem hoje apenas 8,80%.De novo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Bahia aparecem como as áreas mais críticas para a Mata Atlântica, pois são os estados que mais possuem floresta em seu território e, por isso, têm grandes áreas desmatadas em números absolutos. “É preciso conter este desmatamento, melhorando os trabalhos de fiscalização e, principalmente, criando políticas públicas, mecanismos e incentivos que valorizem a floresta em pé, se quisermos garantir água em qualidade e em quantidade, clima regulado e outros serviços ambientais”, explica Márcia.O levantamento mostra também dados do desmatamento por municípios, e aponta que Jequitinhonha (MG), Itaiópolis (SC), Bom Jesus da Lapa, Cândido Sales e Vitória da Conquista (BA) foram os municípios que mais perderam cobertura nativa no período de 2005-2008. Jequitinhonha (MG) perdeu 2.459 hectares, seguido de Itaiópólis (SC), que suprimiu 1.806 ha, e Bom Jesus da Lapa (BA), que perdeu 1.797 ha. Aparecem em seguida Cândido Sales (BA), 1.580 ha, e Vitória da Conquista (BA), 1.418 ha.“É urgente fazer com que as pessoas entendam que a nossa vida depende da floresta e participem deste esforço em prol da proteção deste bioma tão ameaçado. É uma questão de sobrevivência dos 112 milhões de habitantes do bioma proteger tudo o que resta de floresta original, por isso agora passaremos a divulgar os dados de dois em dois anos”, concluiu Márcia.

Senado aprova regularização de áreas na Amazônia


O Senado aprovou na noite desta quarta-feira, por 23 votos a 21, o projeto de conversão à medida provisória que permite à União transferir, sem licitação, terrenos de sua propriedade, de até 1,5 mil hectares, aos ocupantes que já estavam na área antes de 1º de dezembro de 2004. O projeto agora vai à sanção presidencial. A relatora, senadora Kátia Abreu (DEM), manteve o texto aprovado pelos deputados no último dia 14. A proposta vai permitir a legalização de propriedades nos nove municípios da Amazônia Legal. O texto original da proposta previa a legalização de 300 mil propriedades, mas com as mudanças incluídas na Câmara, vai favorecer cerca de 1,2 milhão de pessoas, em 400 mil propriedades. Entre as mudanças incluídas pelos deputados e mantidas no Senado estão a permissão para que pessoas jurídicas e servidores públicos, que já ocupam a área, possam receber o título de propriedade. Outra alteração ao texto original da MP determina que a recuperação das áreas com reflorestamento obedecerá à Lei Ambiental que prevê até 30 anos para o reflorestamento e não os10 anos inicialmente propostos.

Christiane Torloni e Victor Fasano lideram vigília pela preservação da Amazônia


Artistas, índios e defensores da preservação ambiental realizam esta noite uma
vigília no plenário do Sendo em defesa da Floresta Amazônica. Liderados pelos atores Christiane Torloni e Victor Fasano, os artistas, autoridades do governo federal e parlamentares vão discutir ao longo da noite questões relacionadas à preservação da floresta com ênfase na aprovação de projetos no Legislativo que priorizam questões ambientais.
Os artistas levaram ao Congresso Nacional carrinhos com um milhão de assinaturas de brasileiros que apoiam o chamado "manifesto Amazônia para sempre" que pede a interrupção imediata do desmatamento da floresta. Os papéis foram impressos em papéis recicláveis.
Atores Christiane Torloni e Victor Fasano (esq.) lideram vigília no Senado
"São pessoas que assinaram o manifesto, que são contra o desmatamento na Amazônia. Não somos ONGs [organizações não-governamentais], não temos ligações político-partidárias. Passamos dois anos trabalhando na luta pela preservação da floresta", afirmou a atriz Christiane Torloni.

Além da entrega do manifesto, os artistas defendem a aprovação de uma lista de projetos que têm como prioridade a preservação ambiental --como o texto que destina recursos dos orçamentos estaduais para o meio ambiente.
"O momento é de apreensão para a Amazônia. Vamos continuar fazendo ações contra o desmatamento na floresta, atualmente há 240 ações de fiscalização em andamento. Mas há muitas madeireiras roubando madeira e gado. Nossa esperança é transformar essa força em medidas concretas", disse o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente).
A senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, disse esperar que os presidentes da Câmara e do Senado coloquem em pauta os projetos ambientais que esperam pela análise dos parlamentares. "Esses projetos andam muito devagar. É fundamental que se pegue essa energia positiva e transforme isso em políticas públicas", afirmou.
Em discurso na abertura da vigília, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse estar disposto a priorizar a votação dos projetos ambientais que tramitam na Casa. "Eu quero me alistar entre os soldados que querem levar a Amazônia para sempre", disse o senador.

Contradição
Ao mesmo tempo em que o Senado realiza a vigília pró-Amazônia, na Câmara os deputados analisam a medida provisória que permite à União transferir, sem licitação, terrenos de sua propriedade na Amazônia Legal, com até 1,5 mil hectares, a quem detinha sua posse antes de 1º de dezembro de 2004.
O governo negociou a inclusão, no texto, de artigo que obriga a preservação ambiental dos terrenos cedidos pelo projeto. Na prática, porém, parlamentares ligados à bancada ruralista tentam retirar do texto a obrigação da preservação da floresta. "É como se você desse o título da propriedade das terras numa mão e, na outra, uma moto-serra", criticou Minc.
Para Marina Silva, a votação da MP é um "retrocesso" cometido pelos deputados. "É um bom sinal o presidente Sarney ter acolhido essa vigília no plenário do Senado enquanto na Câmara aprovam medida provisória que é um retrocesso", afirmou.

Múltiplas visões sobre o meio ambiente no Brasil

Quinta-feira, 4 de junho de 2009, 16:29 Online

Personalidades com conhecimento na área dizem o que melhorou e o que piorou no último ano no País

Bruno Versolato - especial para O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - Cinco personalidades com visões diferentes sobre o ambiente no Brasil falam dos avanços e retrocessos na área. Na lista estão o embaixador e ex-ministro do Meio Ambiente e Amazônia e da Fazenda Rubens Ricupero; o físico, professor, ex-ministro da Educação e ex-secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo José Goldemberg; o bispo da CNBB dom Pedro Luiz Stringhini; o empresário do ramo de mineração e energia Eike Batista; e a atriz Christiane Torloni.

Com exceção de Goldemberg e Eike Batista, todos se mostraram preocupados com projetos que tramitam no Congresso e tentam retirar da União, transferindo para Estados e municípios, a prerrogativa de fixar, por exemplo, o tamanho das áreas de proteção permanente às margens dos rios e córregos. "Sei pela minha experiência que Estados e municípios são os que menos zelam pelo ambiente", diz Ricupero. "Basta ver como madeireiros financiam as eleições no Pará."

Para a atriz Christiane Torloni, é preciso uma mobilização da sociedade para conhecer os políticos que querem alterar o código florestal para que eles não sejam eleitos. "Podemos fazer isso democraticamente".


O QUE AVANÇOU E O QUE RETROCEDEU?

Rubens Ricupero - ex-ministro e embaixador
"A maioria das coisas ficou na mesma. Eu uso como referência o tempo em que fui ministro do Meio Ambiente e Amazônia, entre 1993 e 1994. Nesse tempo, questões como o desmatamento da Amazônia e zoneamento ecológico não registram avanços. Os únicos avanços que tivemos no período foram tecnológicos, mas, infelizmente, não seguidos da mesma eficiência na repressão. Pode haver um retrocesso se esse projeto da bancada ruralista passar, em que Estados e municípios podem definir o porcentual de floresta a ser preservado, o que é muito preocupante"


José Goldemberg - professor da USP
"A redução do desmatamento na Amazônia e a sinalização do Ministério do Meio Ambiente pelo estabelecimento de metas, além de um projeto do Executivo de São Paulo propondo limites para emissões de gases de efeito estufa, finalizaram um cenário de avanço. No entanto, a matriz energética nacional tomou a direção errada com usinas térmicas a gás e carvão e o licenciamento ambiental da usina nuclear Angra 3, baseado em compensações locais e na promessa de um depósito definitivo para os rejeitos radiativos. A má qualidade do óleo diesel nacional e os planos para autorização da expansão da cana no Pantanal também são pontos negativos"


Dom Pedro Luiz Stringhini - bispo da CNBB
"A sociedade brasileira tem avançado na reflexão e na tomada de consciência. No Brasil, os governos não têm priorizado a defesa do ambiente. Santa Catarina, em seguida às lamentáveis catástrofes, propõe modificação na legislação para que se avance na derrubada das matas ciliares. As obras do PAC e o entusiasmo com o pré-sal vão na contramão das soluções alternativas para o uso de energia. É necessário apostar na educação ambiental, valorizar um novo padrão de consumo, apoio efetivo à agricultura familiar e ao microcrédito, transporte coletivo de qualidade, desmatamento zero, moralização do Ibama e órgãos de controle"


Eike Batista - empresário
"O Brasil tem avançado muito na legislação ambiental, com uma visão ampla do que se precisa fazer, seguindo os melhores padrões internacionais. Para decolar, um projeto passa por rigorosa análise ambiental, em que tudo é checado. Não avalio que tenha havido retrocesso na área de ambiente, pelo contrário. O nível de exigência vem aumentando. É preciso entender e produzir estudos de impacto ambiental e estar preparado para fazer novos estudos, aperfeiçoados. Pode custar mais caro, levar mais algum tempo, mas o órgão público tem de ter o embasamento necessário para conceder licenças e é preciso fazer as coisas certas"


Christiane Torloni - atriz
"A discussão no Brasil avançou muito. Falar de floresta amazônica era papo de ecochato e, no dia 13, foi possível realizar uma vigília de oito horas no Senado para ouvir cientistas e políticos sobre o tema. Outro dia, um deputado disse que se lixava para opinião pública e nossa vigília mostrou que a opinião pública tem seu lugar. O grande retrocesso é o Código Florestal estar sob ameaça, como em Santa Catarina, que atropelou a Constituição e interferiu em uma questão federal. Nós precisamos anotar o nome dos políticos que querem boi e soja no lugar de mata para que eles não voltem"